sexta-feira, 28 de novembro de 2014

UMBANDA NÃO RASPA YAWO

"Feitura" de Orixá na Umbanda

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 "Feitura" de Orixá na Umbanda

Mensagem por Laércio em Ter Mar 06, 2012 1:12 pm
Ola grupo,
saudações a todos! 

Pegando carona no tópico de Kambami, abro este debate.

Um dos temas que tem sido debatido em várias listas, seja de Candomblé ou Umbanda, é quanto a "feitura" de Orixá na Umbanda.Como e quais seriam as interpretações a respeito?
Sabemos que a raiz advinda dos culto afros na Umbanda equivale a um bom peso, porém quais os delimitadores entre Candomblé e Umbanda nesta questão de "trato a Orisá"?

Um Pai de Santo de Umbanda precisa/deve ser iniciado no Candomblé, ter dado as obrigações para que possa "fazer os santo" da pessoa? 

Abraços
Que Olorun nos guie




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 Re: "Feitura" de Orixá na Umbanda

Mensagem por Tania Jandira em Ter Mar 06, 2012 3:07 pm
Olá mano Laércio!

O que eu aprendi é que só se pode dar o que se tem, então se um Sacerdote da Umbanda fez seu orixá na Umbanda, pode iniciar os seus filhos também.

Na Umbanda que pratico o que podemos relacionar com a " feitura" no Orixá são nossos boris, que citei no tópico do Kambami sobre " imantação". É um processo, até o Bori de Iniciação á Umbanda.

Nesse Bori de Iniciação, todas as nossas entidades " comem"; assim como todos os Orixás com que trabalhamos e em especial nosso Ori. Também louvamos Oxalá e os Guias mais importantes da Casa e lógico também os Exús, nossos e o responsável pela Tronqueira.

Além disso, se não tivermos ainda otás de nossos Pais, isso é feito.

Temos também um pequeno cerimonial mais interno, aonde a pessoa sai do recolhimento sob um alá, com todos cantando para o Ori da pessoa, que se manifesta e é levado a saudar os Axés da Casa. 
Normalmente também, ou o Pai ou a Mãe também se manfestam; assim como um preto (a) velho(a) ou um caboclo.
Pelo que percebo, quem mais na Umbanda vai responder em relação aquele filho.

Mas como falei antes não tem um tempo determinado para isso. Depende da necessidade ou desenvolvimento do médium.

Abraços e axé!
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 Re: "Feitura" de Orixá na Umbanda

Mensagem por Convidado em Ter Mar 06, 2012 8:24 pm
Olá manos e manas!

Creio que sempre deixei claro essa minha visão a respeito das iniciações feitas seja na Umbanda ou mesmo Candomblé.

Na Umbanda o Sacerdote não só pode como deve sim realizar da forma como a Umbanda trata a inicação daquele filho/a sem nenhum detrimento de seu Ritual que diz respeito apenas aos Umbandistas, assim como os do Candomblés dizem respeito apenas aos Candomblecistas.

Essa dificuldade de entendimento creio ter partido dos que passaram pela Umbanda e por motivos impares adentraram ao Candomblé.

É quando começam a haver as comparações e delas poucos sabem entender, mas a grande maioria se acha diferente e começam a pontuar, causando com isso uma separação imprópria de duas culturas religiosas que mesmo sendo similares e de origens influenciadas iguais o joguinho do quem pode mais.

Aprendi desde cedo que o vento que sopra lá também sopra cá e creio muito nisso ao ponto de saber comer de diversas maneiras, seja com talheres, mãos ou mesmo hashi.

Entendo que o que devemos ter é amor pelos guias, pelos Orixás/Inquinces e Voduns, o resto deixo por conta dos que se dizem sem ser.

Aprendi desde pequeno a dar valor a quem me alimenta, seja com um belíssimo banquete aos 4 talheres ou mesmo na folha da bananeira. O que me importa é se a comida saciou minhas necessidades, me fez bem e me foi servida com amor e carinho.

Entendo que no decorrer de nossa vida religiosa, topamos com sacerdotes muitas vezes confusos e que por alguns momentos até concordamos com eles. Porém o tempo é o Pai da grande sabedoria e nos mostra que o mais importante na vida é estar bem com os outros e com nós mesmo, pois temos a obrigação de completarmos nosso album com boas lembranças para estarmos pronto e sermos recebido no Orun/Duilo.

Como tanto o Candomblé como a Umbanda mesmo tendo algumas normas de conduta que são seguidas por todos os terreiros, sabemos também que cada casa é uma casa e jamais será igual ou unificada pelo próprio motivo do axé que é particular e intransferível.

Vejo ambos bem sadios quando não se tornam terreiros de filiais e sim espaços individuais que comungam uma mesma fé, pois uma coisa é ter hereditariedade (ser descendente de um axé, de um terreiro) outra é criar cartilhas iguais as de nosso iniciadores.

E mais uma vez trago para reflexão a fala de grandes mestres que vivenciram isso de perto, Hama e Ki-Zerbo.

Esse testamento vivo ilustra com eloquência a força da concepção africana de tempo mítico e social. Seria tal visão do processo histórico estática e estéril, na medida em que coloca a perfeição no arquétipo do passado, na origem dos tempos? Constituiria o ideal para o conjunto das gerações a repetição estereotipada dos gestos do ancestral? Não. Para o africano o tempo é dinâmico e o homem não é prisioneiro de um mecânico retorno cíclico, podendo lutar sempre pelo desenvolvimento de sua energia vital. Há, entre os Songhai, um poema significativo:
Não é da minha boca.
É da boca de A, que o deu a B, que o deu a C,
que o deu a D, que o deu a E,
que o deu a F, que o deu a mim
Que esteja melhor na minha boca do que na dos ancestrais.

A vontade constante de invocar o passado que não significa, no entanto, imobilismo e não contradiz a lei geral da acumulação das forças e do progresso. Daí a frase: Que esteja melhor na minha boca do que na dos ancestrais. A viva consciência do passado, sua importância sobre o presente, não anulam o dinamismo deste, como testemunham numerosos 
provérbios.

Abraços e axé!

Convidado
Convidado


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