domingo, 23 de novembro de 2014

A INFLUENCIA DA CULINÁRIA AFRICANA NO BRASIL

Culinária.
Na perspectiva da apropriação dos termos africanos na língua portuguesa, a culinária
brasileira é um lugar onde uma vasta terminologia acabou se configurando prática
cotidiana
A influência africana na dieta do brasileiro
possui dois aspectos. O primeiro diz respeito ao modo de preparar e temperar os alimentos.
O segundo, à introdução de ingredientes africanos na culinária portuguesa.
Mas, na Bahia, no fim do século XVIII esse processo de organização das comunidades
religiosas se inicia para além das devoções individuais e domésticas dos escravos e libertos.
(...) quando foram recriadas muitas das comidas cotidianas dos homens e dos santos. Pois
que os santos comem o que os homens comem.
Nessa altura...
O negro já havia introduzido na cozinha portuguesa o leite de coco-da-Bahía, o azeite
de dendê, confirmou a excelência da pimenta malagueta sobre a do reino, deu ao
Brasil o feijão preto, o quiabo, ensinou a fazer vatapá, caruru, mungunzá, acarajé,
angu e pamonha.
A cozinha negra, pequena mas forte, fez valer os seus temperos, os verdes, a sua
maneira de cozinhar. Modificou os pratos portugueses, substituindo ingredientes; fez a
mesma coisa com os pratos da terra; e finalmente criou a cozinha brasileira, descobrindo o
chuchu com camarão, ensinando a fazer pratos com camarão seco e a usar as
panelas de barro e a colher de pau.
essa cozinha tão marcadamente africana - que a ideologia de um sistema religioso ajudou a
criar e de certa maneira ajuda a preservar - se encontra atualmente espalhada por todo o
país

A Carne seca
A carne que era salgada e secada ao sol no período colonial a qual os negros chamavam de
“jabá” passou a fazer parte da culinária brasileira.
O Acarajé.
Quase todas as pessoas que visitam Salvador querem conhecer e
experimentar o "acarajé" do tabuleiro da baiana. O acarajé é um termo
utilizado para designar uma comida tipicamente baiana. Trata-se de um
alimento, uma especialidade gastronômica da culinária afro-brasileira.

O CAMARÃO SECO SALGADO OU DEFUMADO.

O camarão seco defumado é utilizado no preparo de pratos típicos da Bahia (acarajé,
xinxim de galinha, farofa de azeite, bobó de camarão, caruru, vatapá, etc).

As pimentas da África.
A pimenta é um ingrediente antigo e muito utilizado pelas culinárias africana e indígena.
Tanto os índios nativos do país, quanto os negros africanos que vieram como escravos
consumiam pimentas em abundância. Os primeiros comiam-nas secas ou piladas,
juntamente com farinha de mandioca (quya). Com a chegada dos escravos africanos ao
Nordeste do Brasil – a primeira Região a ser ocupada pelos colonizadores – o consumo de
pimentas foi incrementado. A nobreza e o clero apreciaram muito a pimenta brasileira –
aCapsicum – que, por ser mais suave, passou a ser preferida e exportada para Portugal.
A culinária no bassè. 
Os pratos assumem estéticas próprias nas maneiras de servir, nos companhamentos 
de arroz, de pirões e farofas de farinha-de-mandioca, molhos de pimenta, entre outros. Há 
escolhas de utensílios, objetos de barro, de madeira, de louça, para cada receita que tenha 
no quiabo o principal ingrediente, como o amalá. 
O azeite de dende.
ÓIeo extraído da noz do dendezeiro, de larga aplicação na culinária e nos cultos afro
brasileiros. Na religião dos orixás, é substância fortemente portadora de axé. No simbolismo 
iorubá, representa o poder dinâmico dos descendentes de Oduduá
Fonte: Enciclopédia Brasileira da Diáspora Africana, Nei Lopes 
O quiabo africano. 
Originário da África, é também conhecido por quingomba e gombo em Angola, e gongo em 
outras regiões do continente. 
Comida tradicional
Amalá 
Comida sagrada do orixá Xangô. Feita de quiabos em rodelas e alguns inteiros, refogados 
no azeite-de-dendê, com cebolas,camarões defumados e pimentas, sobre pirão de inhame 
e complementado com acaçás – bolos de milho branco cozidos em folhas de bananeira –, 
tudo colocado em gamela redonda de madeira, assumindo estética própria das comidas dos 
candomblés. 
Acarajés. 
Bolo de feijão-macaça temperada e moída com camarão seco, sal e cebola,frito com azeite 
de dendê e oferecido ao Orixa Oyá. 
Abará. 
Bolinho de origem afro-brasileira feito com massa de feijão-fradinho temperada com 
pimenta, sal, cebola e azeite-de-dendê, algumas vezes com camarão seco, inteiro ou moído 
e misturado à massa, que é embrulhada em folha de bananeira e cozida em água. (No 
candomblé, é comida-de-santo, oferecida a Iansã, Obá e Ibeji). 
Aberém. 
Bolinho de origem afro-brasileira, feito de milho ou de arroz moído na pedra, macerado em 
água, salgado e cozido em folhas de bananeira secas. (No candomblé, é comida-de
santo, oferecida a Omulu e Oxumaré).
Akará ou acassá (Ikó).

Bolinho da culinária afro-brasileira, feito de milho macerado em água fria e depois moído, 
cozido e envolvido, ainda morno, em folhas verdes de bananeira. (Acompanha o vatapá ou 
caruru. Preparado com leite de coco e açúcar, é chamada acaçá de leite.) [No candomblé, é 
comida-de-santo, oferecida a Oxalá, Nanã, Ibeji, Iêmanja e Exu.] 
Ado. 
Doce de origem afro-brasileira feito de milho torrado e moído, misturado com azeite-de
dendê e mel. (No candomblé, é comida-de-santo, oferecida a Oxum). 
A feijoada. 
Mas nunca esquecendo que a feijoada, oferecida á Ogun e aos pretos velhos, surgiu nas 
senzalas, feitas pelos escravos que cozinhavam o feijão nas horas de seus intervalos e 
aproveitavam os restos de porco (rabinho e pés) jogados fora pelos seus senhores 
Aluá. 
Bebida refrigerante feita de milho, de arroz ou de casca de abacaxi fermentados com 
açúcar ou rapadura, usada tradicionalmente como oferenda aos orixás nas festas populares 
de origem africana.
Comidas vendidas nas ruas da Bahia, no fim do século XVIII 
vendidos nas ruas da cidade negra da Bahia, por "escravos-de-ganho". 
Digno de nota. 
Um cronista da época, Luís dos Santos Vilhena, que foi professor de grego na Bahia no fim 
do século XVIII, dali escreveu uma série de cartas a um amigo em Portugal, publicadas em 
livro, com o título ainda barroco de Recopilações de notícias soteropolitanas e brasílicas (1a 
edição: 1802). Dizia, então, Vilhena, na Carta Terceira: 

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