quarta-feira, 26 de abril de 2017

ORISÁ ESU E MARIA PADILHA DAS ALMAS

Exu é um dos mais importantes Orixás e sempre é o primeiro a receber as oferendas, as cantigas, as rezas, é saudado antes de todos os Orixás, antes de qualquer cerimônia ou evento. O Exu Orixá não incorpora em ninguém para dar consultas como fazem os Exus de Umbanda, eles são assentados na entrada das casas de candomblé como guardiões, e em toda casa de candomblé tem um quarto para Exu, sempre separado dos outros Orixás, onde ficam todos os assentamentos dos exus da casa e dos filhos de santo que tenham exu assentado. É astucioso, vaidoso, culto e dono de grande sabedoria, grande conhecedor da natureza humana e dos assuntos mundanos daí a assimilação com o diabo pelos primeiros missionários que, assustados, dele fizeram o símbolo da maldade e do ódio. Porém " … nem completamente mau, nem completamente bom … ", na visão de Pierre Verger no texto de sua autoria "Iniciação" - contido no documentário "Iconografia dos Deuses Africanos no Candomblé da Bahia", Exu reage favoravelmente quando tratado convenientemente, identificado no jogo do merindilogun pelo odu okaran. Sacrifício para Exu. No candomblé do Ile Ase Ijino Ilu Orossi. Exu recebe diversos nomes, de acordo com a função que exerce ou com suas qualidades: Elegbá ou Elegbará, Bará ou Ibará, Alaketu, Agbô, Odara, Akessan, Lalu, Ijelu (aquele que rege o nascimento e o crescimento de tudo o que existe), Ibarabo, Yangi, Baraketu (guardião das porteiras), Lonan (guardião dos caminhos), Iná (reverenciado na cerimônia do padê). A segunda-feira é o dia da semana consagrado a Exu. Suas cores são o vermelho e o preto; seu símbolo é o ogó (bastão com cabaças que representa o falo); suas contas e cores são o preto e o vermelho; as oferendas são bodes e galos, pretos de preferência, e aguardente, acompanhado de comidas feitas no azeite de dendê. Aconselha-se nunca lhe oferecer certo tipo de azeite, o Adí, por ser extraído do caroço e não da polpa do dendê e portar a violência e a cólera. Sua saudação é "Larôye!" que significa o bem falante e comunicador. Consiste o padê em um prato de farofa amarela, acaçá, azeite-de-dendê e uma quartinha de água ou cachaça, que são “arriados” para Exu. Na nação de angola ou candomblé de Angola Exu recebe o nome de Aluvaiá, Pambu Njila, e Legbá, no Candomblé Jeje. Não deve ser confundido com a entidade Exu de Umbanda. Os exus de umbanda sao entidades de pessoas desencarnadas que, por motivos de evoluçao espiritual, retornaram à terra para cumprir essa missão junto ao seus seguidores. Essas entidades são confundidas com esu ou exu do Candomblé devido à proximidade que Exu tem com os homens. Entretanto, não são considerados orixás como o Exu, e sim quiumbas - conhecedores das vontades de homens e mulheres no plano terrestre, tendo vivido em épocas diferentes, porém com os mesmos problemas, desejos e sonhos. [editar]Arquétipos Seus filhos são sensuais, dominadores e inteligentes. Gostam da vida cercada de barulho, muitas pessoas e romances de todo tipo. Adoram festas e não se prendem a ninguém, são muito impulsivos. Mas se amam alguém, dão sua vida se for preciso, sem pensar em nada. Gostam de ajudar e trabalhar, mas podem se tornar vingativos e extremamente crueis. [editar]Algumas Considerações 1 - "Sobre o Òrìṣà Èṣù, além de suas atribuições mais conhecidas, embrenhamo-nos em uma de suas mais complexas e poderosas qualidades – como O Guardião do Àṣẹ – que recebendo a réplica desta força neutra de Olódùmarè (Fálàdé, 1998, p. 494)2 , coloca-a à disposição de todos, seja para os homens ou para os Òrìṣà, confirmando que Èṣù de mal e/ou mau nada têm mas, ao contrário, apenas age com justiça. Suas ações para com os seres humanos são altamente benéficas, auxiliadoras e produtivas para aqueles que fazem uso adequado de seu livre-arbítrio e que, com retidão, se portam de maneira condigna para com os princípios e padrões morais e religiosos, seja em relação a si mesmo, seja em relação ao meio ambiente em que vive. Recordando uma frase citada: “(...) Isto acontece por que algumas pessoas erroneamente possuem a convicção que Eṣu é o Opositor Satanás” (Fálàdé, 1998, p. 493)3 e que, além disso, o que faz com que os sacerdotes sejam bons ou maus não é o simples fato de administrar o àṣẹ, e sim a forma que deliberadamente usam este àṣẹ, podemos dizer que isto é uma questão humana de caráter, e nada tem haver com o poder divino do Àṣẹ. O que podemos dizer de Èṣù, que recebeu e administra a cópia do próprio Àṣẹ de Olódùmarè? Èṣù é igualmente neutro como o próprio Àṣẹ, por isso é o guardião do Àṣẹ. Como Òdàrà, ele recebe, como Ẹlégbára, faz acontecer, e como Òjíṣé. conduz o retorno. Tudo isso é "Èṣù – Olódùmarè assim determinou." (Abimbola, 1975, p. 3)4 Será que ele é tão terrível e mau quanto querem dele fazer? Como ele pode ser tão temível se é tão neutro como o Àṣẹ? Quando narramos o Odù Iwori-Ofun (Bascom, 1969, pp. 310-311)5 , vimos que simplesmente Èṣù cumpriu seus desígnios de forma imparcial. As explanações aqui realizada efetivamente enalteceram Èṣù, porém, cabe tecer algumas considerações sobre a absurda questão, mesmo por sincretismo, de que o Òrìṣà Èṣù seja o diabo das religiões cristãs e/ou o mal absoluto tratado pelas religiões ocidentais, que diferem totalmente dos conceitos da religião dos Òrìṣà (Òrìṣàismo) (Barretti Fº, 2010)6 , praticada na chamada Yorubaland e nas descendentes da diáspora. Que fique registrado que a religião dos Òrìṣà, praticada em qualquer parte do mundo independentemente do nome regional adotado, não reconhece a Bíblia, seja do velho ou do novo testamento, como um de seus pertences sagrados, nem tampouco o Alcorão e a Torá. Para eles, os Òrìṣàistas, trata-se simplesmente de livros religiosos, como tantos outros. Mesmo sendo a religião dos Òrìṣà oriunda da tradição oral, portanto ágrafa, apesar de já deter muitos escritos, o único “livro ou fala sagrada” que reconhece em todos os seus ditames é o corpo “literário” do oráculo de Ifá, os Odù Ifá, cujo governo pertence à divindade Òrúnmìlà, portador de imensa sabedoria e conhecido como “Ibìkejì Olódùmarè – a segunda pessoa de Olódùmarè”. Conceitos religiosos europeus não faziam parte das tradições yorùbá antes das colonizações, nem de suas descendentes na diáspora, tampouco antes dos senhores de escravos imporem aos africanos o catolicismo. As formas deturpadas, aculturadas e sincréticas que impuseram e continuam impor à religião, nos dias de hoje, foram e ainda o são, os maus frutos decorrentes do processo da escravatura nas Américas e das colonizações europeias impostas a povos africanos. (Conferir em: "Os Clérigos Nativos Yorùbá.") Outros conceitos como o de alma cristã, concepções de céu, inferno e purgatório, encontraram terreno fértil para se propagar no já contaminado caminhar das tradições yorùbá e de suas descendentes, por missionários, agentes governamentais e autores pertencentes a outras culturas e/ou crenças que registraram as tradições, costumes e religião dos yorùbá, escritos e interpretados pela ótica do colonizador e/ou opressor. E o pior, muito desses escritos (que até hoje continuam) criaram falsas tradições, que se tornaram “verdades literárias inquestionáveis” e vitimam a religião yorùbá até hoje. (Conferir em: Dos Yorùbá ao Candomblé Kétu – Os Autores) Um fato muito importante e que deveria ser totalmente condenável é que sempre que se “estuda” ou se “pesquisa” no campo das religiões comparadas, os parâmetros e os referenciais são sempre os do cristianismo, islamismo e outras. Para a religião tradicional dos yorùbá; a recíproca, infelizmente nunca é verdadeira, pois se o referencial fosse a africana, com certeza teríamos inúmeras e novas variáveis a serem avaliadas, para o bem da religião tradicional yorùbá e das afrodescendentes