O CANDOMBLÉ
Reduto de resistência e organização social.
O CANDOMBLÉ.
Após mais de um seculo de escravidão, resolveu-se resguardar a identidade de cada povo
usando a religião africana do candomblé para definir um processo de integração das
diferentes nações cujos representantes chegaram ao Brasil durante o período da
escravidão.
O que significa
Candomblé é uma palavra derivada da língua bantu:
ca [ka]=uso, costume,
ndomb=negro, preto ,
lé=lugar, casa, terreiro e/ou pequeno atabaque.
A reunião dos três vocábulos resulta em "lugar de costume dos negros", por extensão,
lugar de tradições negras, tradições entre as quais, destacam-se, no sentido atual as
práticas religiosas que incluem a música percussiva, a dança, as comidas, o idioma, usos e
costumes, e principalmente a hierarquia ou organização social.
O PANTEÃO.
AFRICA
O panteão africano reúne mais de 400 divindades.
BRASIL
16 orixás principais, Não obstante, "correndo por fora", contam-se ainda, outros 14 orixás reconhecidos em
diferentes centros de culto.
Os 16 Orixás cultuados no Brasil.
Essú, Ògún, Osossi, Osanyin, Obalúayé, Òsùmàré, Nàná Buruku, Sàngó, Oya, Obá, Ewa,
Osun, Yemanjá, LogunEde, Oságuian e Osàlufan
Herança cultural, memória e tradição africana.
O candomblé visto como reduto de resistencia.
O modo africano de ser/viver/conhecer/saber está no dia a dia dos terreiros de candomblé
e perpassa toda a cultura nacional, só que isso é camuflado e muitos de nós não
aprendemos atravez da formação escolar.
Hoje podemos dizer que essa influência está na ciência (que até pouco tempo era
considerada um legado exclusivo dos portugueses), nos modos de curar doenças, na
engenharia, nos modos de construir, na arquitetura, na estética, na culinária e – por que
não? – na religiosidade, nas manifestações culturais e artísticas, na nossa brasilidade.
Vencendo o preconceito.
Agora vamos aprender intelectualmente e que já tinhamos aprendido com o coração, a
cabeça (ori), os olhos, ouvidos, braços e pernas, com o nariz, e talvez acionando o
passado estejamos construindo no presente um futuro sem preconceitos racial ou social.
O IDIOMA.
O idioma português chegou ao território brasileiro a bordo das naus portuguesas, no Século
XVI, para se juntar à família lingüística tupi-guarani, em especial o Tupinambá, um dos
dialetos Tupi.
Português, a língua oficial do Brasil
Os índios, subjugados ou aculturados, ensinaram o dialeto aos europeus que, mais tarde,
passaram a se comunicar nessa “língua geral” - o Tupinambá. Em 1694, a língua geral
reinava na então colônia portuguesa, com características de língua literária, pois os
missionários raduziam peças sacras, orações e hinos, na catequese.
Com a chegada do idioma iorubá (Nigéria) e do quimbundo (Angola), por meio dos
escravos trazidos da África, e com novos colonizadores, a Corte Portuguesa quis garantir
uma maior presença política. Uma das primeiras medidas que adotou, então, foi obrigar o
ensino da Língua Portuguesa aos índios.
Lei do diretório
Em seguida, o Marques de Pombal promulgou a Lei do Diretório (1757) que abrangia a área
compreendida pelos estados do Pará e do Maranhão, um terço do território brasileiro de
então. Esta lei considerava a língua geral uma “invenção verdadeiramente abominável e
diabólica” e proibia às crianças, filhos de portugueses, e aos indígenas aprenderem outro
idioma que não o português.
Em 1759, um alvará ampliou a Lei do Diretório: tornou obrigatório o uso da língua
portuguesa como idioma oficial em todo o território nacional. Portanto, ao longo de dois
séculos, o Brasil possuiu dois idiomas: a língua geral ou tupinambá e o português.
A influência banto
é muito mais profunda em razão da antiguidade do povo banto no Brasil, da densidade
demográfica e amplitude geográfica alcançada pela sua distribuição humana em território
brasileiro.
A sua presença foi tão marcante no Brasil no século XVII que, em 1697, é publicada, em
Lisboa, A arte da língua de Angola, do padre Pedro Dias, a mais antiga gramática de uma
língua banto, escrita na Bahia para uso dos jesuítas, com o objetivo de facilitar a
doutrinação dos 25.000 negros angolanos, segundo Antônio Vieira, que se encontravam na
cidade do Salvador sem falar português (Cf. Silva Neto 1963:82).
Os aportes bantos ou bantuismos
ou seja, palavras africanas que entraram para a língua portuguesa no Brasil, estão
associados ao regime da escravidão (senzala, mucama, bangüê, quilombo), enquanto a
maioria deles está completamente integrada ao sistema lingüístico do português, formando
derivados portugueses a partir de uma mesma raiz banto (esmolambado, dengoso,
sambista, xingamento, mangação, molequeira, caçulinha, quilombola), o que já demonstra
uma antiguidade maior.
Em alguns casos, a palavra banto chega a substituir a palavra de sentido equivalente em
português: caçula por benjamim, corcunda por giba, moringa por bilha, molambo
por trapo, xingar por insultar, cochilar por dormitar, dendê por óleo-de-palma, bunda por nádegas, marimbondo por vespa, carimbo por sinete, cachaça por
aguardente.
Alguns já estão documentados na literatura brasileira do século XVII, a exemplo dos que se
encontram na poesia satírica de Gregório de Matos e Guerra. (1633-1696).
os aportes do iorubá
Devido a uma introdução tardia e à numerosa concentração dos seus falantes na cidade do
Salvador, os aportes do iorubá são mais aparentes, especialmente porque são facilmente
identificados pelos aspectos religiosos de sua cultura e pela popularidade dos seus orixás no
Brasil (Iemanjá, Xangô, Oxum, Oxossi, etc.). Por isso mesmo, a investigação sobre culturas
africanas no Brasil tem sido baseada nos mais proeminentes candomblés de tradição nagô-
queto em Salvador, uma abordagem metodológica que vem sendo observada desde
Rodrigues (1945) e que terminou por desenvolver a tendência de interpretar os aportes
africanos no Brasil através de uma óptica iorubá, mesmo quando não o são.
"cochilo".
É muito comum, em várias regiões do país, após o almoço tirar
um "cochilo". O termo vem das línguas africanas e foi apropriado pela
língua portuguesa. Cochilar significa dormir um pouco.
Axé ou asé.
No contexto da efervescência das lutas e organizações de valorizaçao da negritude, a
palavra “Axé” vao ocupar um lugar de destaque na língua portuguesa, dada a sua
significação. O termo extrapola seu alcance no âmbito das religiões e passa a ser
compreendido e assimilado na língua portuguesa como a energia irradiante, contaminadora
que nasce das ações e práticas dos negros.
Moleque.
O termo moleque é empregado para designar criança pequena. É comum também o seu
uso quando algumas crianças se comportam de maneira que entendemos inadequada.
Nesse caso o termo comporta uma dose de pejoratividade e pode ser inclusive ser usado
para referir-se a gente grande, que se comporta como criança, sem responsabilidades ou
de forma desavergonhada.
"chamego ou cafuné"
Ainda nas relações familiares, ao referir-se a alguém que está meio tristonho, fazer um
"chamego, um cafuné" é uma prática social que restabelece o ser. Trata-se de um modo
carinhoso de cuidar. Nas relações sociais, o chamego é empregado como terminologia que
encerra galanteios e conquistas. Ficar de chamego com alguém é o mesmo que deixar
aflorar um “bem querer”...
Oxalá
Oxalá é o nome de um orixá cultuado nos terreiros, cujo dia em que se celebra é a sexta
feira, razão pela qual muito utilizam a cor branca em suas roupas nesse dia. Entretanto no cotidiano da língua portuguesa, oxalá, tornou-se uma expressão cujo significado “queira
Deus”, “permita Oh Deus”.
O Plural.
Do ponto de vista da morfologia e da sintaxe, na língua iorubá, a composição do plural dos
substantivos se dá pela flexão dos artigos que os precedem. Enquanto na língua
portuguesa se constrói o plural flexionando os substantivos, na estrutura da língua iorubá,
isso se faz apenas com os artigos. Exemplificando: Na língua portuguesa, a construção do
plural de “a casa” fica “as casas”. Em ioruba flexiona-se so o artigo e fica assim “ as casa”.
Vogal e consoante.
Nas línguas iorubá e banto não se utiliza consoantes na pronúncia das palavras, quando
essas estão no final da palavra. Na língua portuguesa tais consoantes fazem parte da regra
gramatical. Ao afirmar essa configuração linguística, vamos encontrar na pronúncia
brasileira as palavras terminando com as vogais. Ex.: cantá, quando deveria, segundo a
língua portuguesa ser cantar; comê, ao invés de comer; pulá, em se tratando de pular.
Essa tendência está relacionada à estrutura silábica da língua iorubá.
Encontro de consoantes.
Outra particularidade interessante é a questão dos encontros consonantais. Esses tão
comuns na estrutura da língua portuguesa inexistem na língua iorubá. É comum no falar
cotidiano encontrarmos as palavras com tais encontros consonantais sendo desfeitos com a
inserção de uma vogal entre as consoantes. Aqui o exemplo clássico é a palavra salvar,
que em função do desdobramento das consoantes L V é acrescido a vogal A, precedida
de R, resultando na palavra SARAVA. Algo muito parecido acontece com a palavra flor. As
letras F e L vão receber a vogal U entre si o que resulta na palavra FULÔ, sem o R final em
função do que explicitamos acima.
Como consideração final
Muitos termos compreendidos como “falta de cultura” na verdade estão associados às
origens africanas não assimiladas em função
da dominação cultural e linguística dos colonizadores, que impuseram
a língua portuguesa em todo o território nacional, tornando-a língua
oficial a ser ensinada nas escolas.
Africanização do português
o português brasileiro descende de três famílias lingüísticas: a família Indo-Européia que
teve origem entre a Europa e a Ásia, da qual faz parte a língua portuguesa; a família Tupi,
de línguas faladas pelo indígenas brasileiros e que se espalha pela América do Sul; e, por
fim, a família Níger-Congo que teve origem na África subsaariana e se expandiu por grande
parte desse continente. Conseqüentemente, povos indígenas e povos negros, ambos
marcaram profundamente a cultura do colonizador português que se estabeleceu no Brasil,
dando origem à uma nova variação da língua portuguesa – mestiça, brasileira
O idioma que se fala Nos candomblés do BrasiL
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