Devotos comemoram nesta sexta-feira (27) o dia de Cosme e Damião. Os devotos de São Cosme e Damião costumam “darCaruru de Cosminho” em suas casas durante o mês de setembro e principalmente no seu dia: 27 de setembro. A festa já começa durante os preparativos, e mexe com toda a Bahia, quando se tem uma procura maior dos ingredientes para a grande festa e quando a família se reúne para cortar os quiabos em forma de cruz e depois em extreitas rodelas, preparar os temperos, torrar e triturar o amendoim e a castanha, temperar a galinha e fazer os seus pedidos também. A quantidade dos quiabos do Caruru, geralmente chegam aos milhares, a depender da promessa, devem ser cortados por quem está oferecendo, mas vale a ajudas de participantes voluntários que também fazem a sua reza e pedidos aos santos gêmeos.
Nas proximidades do dia 27 de setembro, é comum encontrar, pelas ruas da Bahia, crianças, adultos , a espera de um prato de caruru, aliás, na Bahia, não se diz São Cosme e São Damião e sim São Cosme e Damião), para o caruru dos santos. A dupla imagem de madeira ou uma simples gravura emoldurada é exposta numa caixa enfeitada em papel de seda colorido, envolta em fitas e cheia de flores, rosas ou flores de laranjeira, muitas vezes. Não se pode comemorar santos tão populares nos lares baianos sem que se peça esmola para a missa.
São Cosme e São Damião são santos católicos com grande receptividade entre as camadasafro-brasileiras do Recôncavo baiano. Seus nomes de batismo são Acta e Passio, nascidos na Arábia do século III, de família nobre e cristã. Os irmãos gêmeos estudaram medicina na Síria e exerciam a profissão gratuitamente. Acusados de feitiçaria, por realizarem milagres, foram jogados de um despenhadeiro – Assim conta a história. Em outras versões ouve-se que tentaram matá-los de várias formas, mas não conseguiram. Por fim foram degolados. Entre seus milagres estão a cura e a materialização (após a morte) para ajudar crianças vítimas de violência.
Gêmeos eram meninos médicos
Há muito tempo, havia uma senhora sem filhos. Vivia cercada de riqueza, mas sentia falta da alegria das crianças. Durante um ano, nos dias pares, ela subiu a uma montanha e fez orações pedindo a Deus a graça de ter filhos. Seu desejo foi realizado e, no dia 27 de setembro, nasceram dois meninos, gêmeos idênticos, a quem ela chamou Cosme e Damião.
Aos 7 anos, Cosme e Damião já exerciam a medicina e faziam muitas curas. Não cobravam para atender os doentes e ofereciam doces para diminuir a tristeza deles. Os médicos do reino, que exploravam os pobres, não gostavam daquilo, e a notícia chegou ao imperador. O rei mandou persegui-los. Mas até os 17 anos Cosme e Damião continuaram curando o povo das doenças e não foram capturados.
Filho do rei adoece
Certo dia, o filho do imperador ficou doente e foi desenganado pelos médicos do reino. Sabendo que o menino ia morrer, o rei mandou que seus soldados fossem buscar Cosme e Damião. Os soldados acharam os dois médicos vestidos com uma roupa muito linda, azul e cor de rosa, com algumas folhas de palmeira na mão. Imediatamente levaram os gêmeos até o imperador. Cosme e Damião conseguiram o que parecia impossível, devolveram a saúde ao menino.
O pagamento pela cura
Depois da cura, o imperador ordenou aos jovens que usassem seus dons apenas para ele e que o adorassem como a um deus. Cosme e Damião responderam que só reconheciam Jesus Cristo como Deus e que seus conhecimentos eram para ajudar o povo.
O rei não gostou da resposta e mandou torturar os médicos, para que negassem sua fé. Como isso não aconteceu, ordenou que os dois fossem decapitados. A mãe dos gêmeos ergueu um altar em casa em homenagem aos seus filhos, enfeitando com flores e doces. As pessoas doentes que iam visitar o altar ficavam boas e, assim, Cosme e Damião se tornaram santos.
Essa história [abaixo] foi contada por Maria José Gomes da Silva, 65, a Dona Zezinha, uma mãe de santo (sacerdotisa) do candomblé.
Os dois santos e candomblé
No candomblé, religião de origem africana, os orixás protegem as pessoas que acreditam neles. A religião diz que toda pessoa que tem santo também tem um erê, orixá menino. Os erês são confundidos com os ibejis, orixás meninos, sempre gêmeos. Os ibejis são cultuados na Nigéria, país com maior número de nascimento de crianças gêmeas no mundo.
A festa dos erês acontece na mesma época da dos santos católicos Cosme e Damião. É comum em vários lugares do Brasil oferecer caruru a Cosme e Damião. Além de caruru, feito com quiabo, há outras comidas, como xinxim de galinha, vatapá, acarajé, banana frita no dendê. Na festa, a comida primeiro é servida às crianças.
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